Migrações e Refugiados
Os motivos que levam uma pessoa a deixar seu local de origem, onde estão seus vínculos afetivos, identitários, culturais, familiares e profissionais, são diversos – podendo envolver situações de guerras civis, desastres naturais, perseguições políticas, discriminações em função de algum atributo (gênero, raça, orientação sexual, nacionalidade, classe social, etc.), orientação religiosa ou ideológica, situação socioeconômica precária, dentre tantas outras.
Por outro lado, as implicações na vida de quem se vê num contexto de necessidade de migrar ou se refugiar em outro país também são complexas e vão desde questões legais e burocráticas, passando pela necessidade de se inserir social e profissionalmente no novo território, pelos desafios de comunicação, adaptação às diferenças culturais, até chegar em questões emocionais e de saúde mental.
Para apoiar investidores sociais privados que tenham interesse em iniciar ou fortalecer sua atuação no tema migrações e refugiados, este conteúdo inclui: subsídios básicos relacionados ao tema, como conceitos e informações contendo panorama, contexto e tendências; desafios envolvidos; e em especial caminhos e possibilidades de atuação de organizações do Investimento Social Privado nesta área.
Com isso, esperamos chamar a atenção de atores do campo social para a importância dessa agenda, além de disponibilizar insumos e inspirar formas inovadoras e relevantes de intervir na realidade social em direção a uma sociedade mais justa e democrática.
Dados e desafios
Marcos Importantes No Debate De Migrações e Refugiados
Quais são os desafios?
Compreensão social da questão
- Posturas e práticas discriminatórias, incluindo desconfiança, intolerância, racismo e xenofobia
- Baixo conhecimento dos brasileiros sobre geografia e culturas dos migrantes.
- Invisibilidade das pessoas migrantes e refugiadas na sociedade
Meios para inclusão social
- Falta de conhecimento no idioma do país de destino, criando obstáculos para a comunicação, sociabilidade e inserção profissional
- Dificuldades para acesso à moradia
- Desenraizamento, dificuldade de apropriação dos novos territórios pelas pessoas migrantes
- Baixo empoderamento dessas pessoas, ou seja, dificuldade de se perceberem como sujeitos de direitos que podem e devem ser exigidos
- Dificuldade de acesso ao sistema bancário
- Dificuldade de reconhecimento e revalidação de seus certificados educacionais/ profissionais e diplomas
- Mulheres migrantes com filhos sem rede de apoio
Política Nacional de Migrações e Refúgio
- Ausência de uma Política Migratória e de Refúgio Nacional, bem como de dispositivos e parâmetros orientadores para a integração local
- Insuficiência de políticas estaduais e municipais para migrantes e refugiados
- Taxas elevadas para regularização migratória e revalidação de diplomas
- Documentação exigida de migrantes e refugiados para revalidação de diplomas é complexa e não considera as limitações existentes nessas situações
- Dificuldade no acesso a informações sobre processos, direitos e serviços
- Serviços de acolhimento sem preparo para atender às especificidades deste público
- Dificuldade de acesso a serviços e equipamentos públicos
- Ausência de atendimento de saúde humanizado e sensível às diversidades culturais e étnicas.
- Falta de atenção à saúde mental
- Carência de vagas públicas de abrigamento específicas e dificuldades de acesso a políticas habitacionais
- Dificuldade de acesso à rede protetiva especial por pessoas migrantes e refugiadas com vulnerabilidades específicas, como mulheres sobreviventes de violência de gênero, crianças desacompanhas e separadas, população LGBTI, pessoas com deficiência, pessoas idosas, etc.
Acesso à educação e ao trabalho
- Falta de preparo da rede pública de educação
- Processo de revalidação de diplomas é burocrático, custoso e, muitas vezes, não se concretiza
- Dificuldade de entrada nos conselhos profissionais, que podem fazer novas exigências documentais e inclusive rejeitar a revalidação de diploma anteriormente obtida.
- Ausência de redes que podem oportunizar conhecimento e acesso a vagas de trabalho.
- Desconhecimento sobre o funcionamento do sistema e da política de emprego, bem como dos direitos trabalhistas e da documentação necessária
- Recolocação profissional muito aquém da escolaridade (ou do nível profissional) de seus países de origem, em regra desconsiderando-se as experiências profissionais pregressas.
- Dificuldade de acesso a crédito para empreender atividades econômicas próprias.
- Desconhecimento das empresas sobre como contratar e se relacionar com profissionais refugiados e migrantes (exemplo: falta conhecimento e sensibilidade dos empregadores sobre feriados e culturas distintas)
- Desconhecimento de instituições financeiras sobre as possibilidades de abertura de contas e acesso ao sistema bancário para migrantes e refugiados
- Situações extremas de vulnerabilidade levando a aumento da exposição à exploração laboral.
AGENDA DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Considerando que em seu artigo 4º a Agenda 2030 determina que “ao embarcarmos nesta grande jornada coletiva, comprometemo-nos que ninguém será deixado para trás, migrantes e refugiados devem ser considerados como populações beneficiárias em todos os ODS. Entretanto, se relacionam principalmente ao Objetivo 10 – Redução das desigualdades: “Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”. Dentre outros tópicos, este objetivo inclui metas relacionadas à inclusão social, econômica e política de todos, independentemente de etnia e origem (além de outras condições), bem como à facilitação da migração e da mobilidade ordenada, segura, regular e responsável das pessoas, inclusive por meio da implementação de políticas de migração planejadas e bem geridas.Estratégias
Objetivos |
O que o ISP pode fazer? |
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AAcolhimento e inclusão social |
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1. Oferta de ensino de português 2. Ampliação do acesso ao sistema bancário 3. Promoção do acesso ao acolhimento e moradia 4. Fomento ao cuidado da saúde da mulher e da família migrante ou refugiada |
BAções Educativas |
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1. Qualificação da compreensão do tema no ambiente escolar 2. Inserção da questão no ensino superior |
CApoio à Inserção no Mercado de Trabalho |
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1. Oferta de cursos de capacitação técnica e profissional 2. Promoção da colocação no mercado de trabalho 3. Fomento ao empreendedorismo de migrantes e refugiados 4. Apoio à recolocação no mercado de trabalho |
DEnfrentamento do trabalho escravo |
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1. Disponibilizaçã o de informações sobre direitos trabalhistas para migrantes e refugiados 2. Engajamento do empresariado no combate ao trabalho escravo 3. Disseminação de informação sobre trabalho escravo 4. Advocacy no combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas |
EFortalecer uma narrativa humana e cidadã da migração e do refúgio |
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1. Fomento à organização política e cidadã de migrantes e refugiados 2. Desenvolvimento de campanhas de comunicação com novas narrativas sobre a questão migratória 3. Produção de conhecimento sobre o tema |
Inspire-se
Curso Básico de Português para pessoas em situação de refúgio
SESC, Cáritas e ACNUR
Programa de assistência financeira emergencial “Cash-Based Interventions”
ACNUR
Política Municipal para a População Imigrante
Prefeitura de São Paulo
Projeto “Cidadãs do Mundo”
IKMR e ACNUR
Projeto “Refugiados nas escolas”
PARES/Cáritas RJ
Projeto Refúgios Humanos
SESC-SP, ACNUR
Projeto Empoderando Refugiadas
Pacto Global, ACNUR e ONU Mulheres
Plataforma Empresas com Refugiados
Rede Brasil do Pacto Global da ONU e ACNUR
Prêmio Stop Slavery
Thomson Reuters Foundation
Atuação da Conectas na formulação da Nova Lei de Migração
Conectas
Programa de Jornalismo
Repórter Brasil